Um Batman para chamar de seu
Passadas mais de oito décadas de existência, Batman
conquistou o direito de ser um personagem único, mas também muitos. Com
inúmeras versões, colecionando altos e baixos e vivendo aventuras mil, a
criação de Bob Kane e Bill Finger saiu dos quadrinhos para incorporar todas as
mídias e ganhar corações e mentes de várias gerações. Nos videogames é possível
até se brincar com a troca de pele (skin) do Cavaleiro das Trevas.
E nessa altura do campeonato, é possível encontrar um
homem-morcego oficialmente licenciado pela dona de sua propriedade intelectual
para todos os gostos. Felizmente, não há mais discussões acaloradas sobre qual
é o Batman oficial ou canônico. Cada fase ou encarnação do herói é festejada
como válida e digna de respeito, constituindo um universo respeitado por suas
criativas possibilidades. Camp, dark, gótico, clássico...
São todas as suas apresentações referências em si, que até se conversam, descrevendo rico e saboroso diálogo metalinguístico não visto em nenhum outro exemplar da indústria cultural. Dessa
realidade paralela na qual qualquer fã pode ter um Batman para chamar de seu
sem medo ou preconceito – ou gostar de todas as suas faces –, coloco aqui 10 opções
dentre tantas mais. Escolha a sua.
1. BATMAN 66 – Quem tem mais de 40 anos quase sempre lembra com carinho do programa de tevê estrelado por Adam West (Batman) e Burt Ward (Robin), que provocou a primeira Batmania mundial, em 1966. Criticado pelos nerds radicais nos anos 1980 por ser a versão que distorcia e ridicularizava o Morcegão, hoje é aclamada como série inovadora e ousada, consagrada com um dos mais bem-sucedidos produtos da cultura pop. Santo reconhecimento, Batman!
2. BATMAN LEGO – Não são só as crianças que gostam do mais popular membro do elenco de bonequinhos articulados da Lego que estrelam divertidos filmes. Esse é o Batman que faz todos rirem por explorar o lado engraçado de sua própria condição de herói soturno e solitário, cercado de veículos, gadgets e aparatos. A melhor sacada da versão cabeçuda do herói alusivo aos primeiros filmes da franquia iniciada em 1989 é mostrar o personagem sisudo, mas de perfil exagerado.
3. BATMAN 89 – Responsável pela segunda Batmania global, o filme dirigido por Tim Burton conquistou público e imaginário universal. Apesar de críticas para a escolha de Michael Keaton para o marcante papel, o personagem consolidou a sua aura gótica e pop ao longo das décadas. Substituído por outras interpretações cinematográficas, essa versão até ganhou sequência este ano no formato de gibi e voltará à telona em 2022, na pele do próprio Keaton, no filme Flash.
4. BATMAN DA TRIOLOGIA NOLAN – Com a dose máxima de realismo, usada para resgatar o personagem do ostracismo de oito anos no cinema, a versão 2005-2012 criada pelo diretor Christopher Nolan e interpretada por Cristian Bale colocou de vez o gênero adaptação de heróis de gibis em patamar elevado, tanto em rigor artístico quanto em faturamento de bilheteria quanto em rigor artístico, disputando o Oscar nas principais categorias. A trilogia é uma obra-prima per si.
5. BATMAN DA ERA DE OURO – É claro que há inúmeras apresentações do personagem ao longo do tempo, com traços e uniformes criados por grandes desenhistas e enredos notáveis escritos por craques da indústria. Mas foi a chamada Era de Ouro (1938-1955) dos gibis, marcada pelo crivo da censura oficial, que cunhou uma imagem clássica e sorridente do Homem-Morcego, inspiradora de gerações, fonte para a cultura pop e base para o seriado televisivo de 1966.
6. BATMAN DO FUTURO – Diferente de todas outras, a versão animada e futurista criada por Bruce Timm e Paul Dini ganhou espaço próprio, respeitando o legado do velho e solitário mentor. Com galeria própria de vilões e verniz jovem e descolado, rendeu bom filme, alcançou demais mídias e vem sendo cotado para produção live-action. De quebra, Terry McGuinnis, a nova identidade secreta do herói, ainda tem seus próprios mistérios na relação com o patrão Bruce Wayne.
7. THE BATMAN/ “BATTINSON” – Sem mesmo ter estreado nos cinemas – o que ocorrerá em março de 2022 após dois adiamentos em razão da pandemia da Covid-19 – essa versão já tem legião de fãs. Na pele do ator Robert Pattinson, vampiro da série Crepúsculo, e dirigida por Matt Reves, ela deflagra franquia com universo próprio. The Batman, vulgo Batman Emo, é a mistura de recentes jogos eletrônicos com pitadas de Adam West no traje e elementos de gibis deste século.
8. BATMAN AFFLECK – Bombardeado no início por fãs que temiam pela interpretação de Bem Affleck, essa versão BVS (2016) acabou virando a preferida de quem gosta de um Batman durão, com uniforme fiel aos quadrinhos mais recentes e espírito inspirado no Cavaleiro das Trevas de Frank Miller. Ela serviu para o diretor Jack Snyder preparar a franquia de sua Liga da Justiça, mas acabou impregnando o herói líder dos maiores heróis do planeta com inéditas cores sanguinárias.
9. BATMAN TDKR/MILLER – Protagonista do mais importante gibi da história, em razão de inovações narrativas e abordagem adulta, a versão de um Batman saindo da aposentadoria ainda mais irascível conquistou crítica e gerações de leitores, foi adaptada em cartoon e até inspirou outros personagens, como o Robocop e o Batman de Jack Snyder. O Morcegão recriado em 1986 pelo americano Frank Miller se tornou ícone absoluto da nona arte, ganhando fãs até hoje.
10. BATMAN BTAS – Para a maioria dos fãs mais ciosos de Batman essa é a versão mais fiel àquilo que idealmente se entende pelo herói. A premiada animação de Bruce Timm impactou o mercado televisivo e cinematográfico, agregou importantes personagens ao universo DC, como a Arlequina, e ainda conserva a voz oficial do Morcegão, Kevin Conroy (“I’m the night. I’m the vengance. I’m Batman!”). BTAS, como também é chamada a série, serviu de base para outras e pode voltar.
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