Eron, o Batman dos protestos
Na semana em que a Assembleia do Estado do Rio de Janeiro confirmou nova lei, que proíbe a presença de mascarados nas manifestações populares, este blog publica a entrevista exclusiva com o Batman que ficou famoso no último Sete de Setembro, durante os protestos do Rio, feita pelo amigo Lincoln Nery. É uma pauta nacional.
Por Lincoln Nery
Fantasiado de Batman, o protético Eron Moraes de Melo criticou a decisão judicial que obriga os mascarados a se identificar. "Sempre fui fã do Cavaleiro das Trevas e essa máscara é um símbolo de luta contra a corrupção e a injustiça. Não é pelo anonimato. Nem todo mascarado é vândalo", disse Melo, que foi a primeira pessoa abordada pela polícia no dia 3 de setembro, quando passou a vigorar a proibição do uso de máscaras em manifestações do Rio de Janeiro. Para os batmaníacos e DCnautas que ainda não foram às ruas lutar pelo Brasil que queremos, Eron deixa a dica: O Batman tem perseverança, não desiste, como os cariocas. Por isso vou assim nos protestos - diz, inspirado nos dois mil gibis que coleciona. A seguir os principais trechos da conversa.
Qual seu nome?
Meu nome é Eron Morais de Melo, tenho 32 anos.
Como criou sua roupa? Participa de eventos Cosplay?
Apesar de já confeccionar algumas máscaras do Batman, a das manifestações foi comprada de um amigo. Já a roupa eu mesmo pintei e caracterizei. O cinto é feito de emborrachado (EVA) assim como os outros acessórios. Sim, participo de eventos Cosplay desde 2009. Entre eles, Anime Family, Rio Anime Club, Anime Wings, etc. (risos).
Como surgiu a ideia de ir como Batman nas manifestações? Teve alguma influência, uma HQ em especial?
Sempre fui fã de super-heróis, desde criança, principalmente do Batman e do Wolverine, nos quadrinhos, nos desenhos animados e nos filmes.
Como é o tratamento que você recebe da Polícia e dos outros manifestantes?
Graças a Deus tanto os manifestantes como os policiais veem o Batman com bons olhos às vezes até brincam um pouco com o personagem. Isso ajuda a quebrar um pouco o clima de tensão nas manifestações.
A violência da polícia te assusta?
A violência arbitrária de alguns policiais e também de alguns manifestantes assusta um pouco. O objetivo das manifestações não é a violência, e sim a reivindicação dos nossos direitos como povo e cobrança de melhorias nos serviços sociais e público, serviços que os nossos governantes têm negligenciado descaradamente.
Tem medo de estragar a roupa?
Não, já estou acostumado em ter que consertar o cosplay depois das manifestações
Está com medo de ser preso?
Não. Quem não deve não teme.
O que acha do governo atual? O que é preciso mudar?
Muito ruim. A saúde pública é uma piada, a educação deficiente, temos medo tanto de bandidos quanto de policiais criminosos, os impostos que pagamos é um absurdo e não temos nenhum retorno com os serviços público. Nossa, tem que mudar muita coisa, para começar uma fiscalização maior dos serviços essenciais, reforma política radical pois esse sistema político é corrupto, gasta demais com parlamentares e pouco com os cidadãos, um código penal mais rigoroso, pois criminosos devem pagar suas penas na íntegra, além da redução da maioridade penal.
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