Batman, o filme, 20 anos
Sílvio Ribas/G1
Batman - o primeiro da mais bem-sucedida franquia das histórias em quadrinhos - foi lançado com grande estardalhaço nos Estados Unidos, em 23 de junho de 1989. Com orçamento de mais de US$ 30 milhões (elevadíssimo para a época), o filme recheado de ação e espírito gótico chegou às telonas de todo o mundo em plena comemoração dos 50 anos do maior herói da DC Comics. Dirigido por um Burton recém-saído de Os fantasmas se divertem e ainda relativamente pouco conhecido, o longa-metragem foi o primeiro do homem-morcego desde o filme para a TV, lançado em 1966.
Fãs de quadrinhos chegaram a desconfiar da superprodução, que tinha o baixinho calvo Michael Keaton no papel principal. Mas assim que o trailer chegou às salas de cinema não se falou mais em outra coisa no mundo pop. Estampado em camisetas, bottons, bonés, adesivos, lancheiras e dezenas de outros itens, o famoso (e renovado) logotipo de Batman se espalhou com velocidade pelos quatro cantos do planeta, num fenômeno que ficou conhecido como a segunda Batmania, rendendo US$ 750 milhões só em merchandising. O valor superou até os US$ 413 milhões que o blockbuster arrecadou nas bilheterias mundiais.
Depois de muita especulação, a Warner acertou a trilha com Prince e Jack Nicholson, de olho nos lucrativos royalties, terminou concordando em encarnar o vilão Coringa. As filmagens de Batman foram realizadas secretamente no estúdio Pinewood, próximo a Londres. Numa época em que mal existia internet comercial, dois rolos de filme foram roubados durante a produção, e um dos membros da equipe chegou a receber uma oferta (negada) para vender fotos de Nicholson como Coringa por 10 mil libras. Quando finalmente foi mostrado ao público, Batman chamou atenção por seu tom sombrio e a arquitetura gótica de Gotham City, algo bem diferente do que se conhecia da estética da série de TV homônima, interpretada por Adam West. Criador de um dos mais estilosos batmóveis, Anton Furst venceu o Oscar daquele ano pela direção de arte do filme.
Os maiores deslizes, no entanto, se deram no uniforme de Batman e em algumas derrapadas de roteiro. Muito emborrachada, a roupa do herói deixava endurecidos os movimentos do herói e seu rosto quadrado. Algo tosco se comparado ao visual mais recente dos filmes de Christopher Nolan. O script, por sua vez, transforma o Coringa em assassino dos pais de Bruce Wayne (Batman) e transforma o mordomo Alfred num dedo-duro da identidade do patrão.
Sobre o Coringa de Nicholson, muitos ainda acham que, apesar de toda a liberdade criativa tomada por Burton e o roteirista, Sam Hamm, que modificaram substancialmente alguns dos aspectos dos quadrinhos, o vilão do primeiro Batman é a melhor encarnação do Príncipe Palhaço do crime em todos os tempos. Especialista em viver papéis ensandecidos, o ator norte-americano conseguiu dosar na medida certa traços psicóticos do arqui-inimigo do homem-morcego com o humor típico do personagem das HQs.
Concordo plenamente com isso. Seu Coringa é cínico, violento e inescrupuloso, mas é também um sujeito carismático que sabe apreciar as artes e executar uns passinhos de hip hop anos 80 enquanto vandaliza as obras de uma galeria com boina e aquarela de pintor. O ator australiano Heath Ledger, morto em 2008, empolga mais nos dias de hoje. Mas vale a pena fazer o balanço entre o Coringa dos gibis e sua transposição para a telona. Na comparação numérica, o Batman de 1989 sai perdendo na disputa com o mais recente filme do personagem. Com US$ 1 bilhão arrecadado nas bilheterias mundiais, O Cavaleiro das Trevas é o quarto filme mais visto em toda a história do cinema. Mas os US$ 413 milhões feitos pelo filme de Burton o colocam na 98ª posição do ranking, à frente de todas as demais continuações da franquia.
Se Batman não tivesse rompido a resistência inicial dos fãs e dos desconfiados produtores de Hollywood, abrindo o cofre, provavelmente nenhuma de suas futuras sequências teria saído do papel. Foi graças a esse filme de duas décadas que as histórias em quadrinhos conquistaram definitivamente o cinemas e que desenhos como Batman: a série animada (1992) passaram a ser vistos por muitos marmanjos.
Batman - o primeiro da mais bem-sucedida franquia das histórias em quadrinhos - foi lançado com grande estardalhaço nos Estados Unidos, em 23 de junho de 1989. Com orçamento de mais de US$ 30 milhões (elevadíssimo para a época), o filme recheado de ação e espírito gótico chegou às telonas de todo o mundo em plena comemoração dos 50 anos do maior herói da DC Comics. Dirigido por um Burton recém-saído de Os fantasmas se divertem e ainda relativamente pouco conhecido, o longa-metragem foi o primeiro do homem-morcego desde o filme para a TV, lançado em 1966.
Fãs de quadrinhos chegaram a desconfiar da superprodução, que tinha o baixinho calvo Michael Keaton no papel principal. Mas assim que o trailer chegou às salas de cinema não se falou mais em outra coisa no mundo pop. Estampado em camisetas, bottons, bonés, adesivos, lancheiras e dezenas de outros itens, o famoso (e renovado) logotipo de Batman se espalhou com velocidade pelos quatro cantos do planeta, num fenômeno que ficou conhecido como a segunda Batmania, rendendo US$ 750 milhões só em merchandising. O valor superou até os US$ 413 milhões que o blockbuster arrecadou nas bilheterias mundiais.
Depois de muita especulação, a Warner acertou a trilha com Prince e Jack Nicholson, de olho nos lucrativos royalties, terminou concordando em encarnar o vilão Coringa. As filmagens de Batman foram realizadas secretamente no estúdio Pinewood, próximo a Londres. Numa época em que mal existia internet comercial, dois rolos de filme foram roubados durante a produção, e um dos membros da equipe chegou a receber uma oferta (negada) para vender fotos de Nicholson como Coringa por 10 mil libras. Quando finalmente foi mostrado ao público, Batman chamou atenção por seu tom sombrio e a arquitetura gótica de Gotham City, algo bem diferente do que se conhecia da estética da série de TV homônima, interpretada por Adam West. Criador de um dos mais estilosos batmóveis, Anton Furst venceu o Oscar daquele ano pela direção de arte do filme.
Os maiores deslizes, no entanto, se deram no uniforme de Batman e em algumas derrapadas de roteiro. Muito emborrachada, a roupa do herói deixava endurecidos os movimentos do herói e seu rosto quadrado. Algo tosco se comparado ao visual mais recente dos filmes de Christopher Nolan. O script, por sua vez, transforma o Coringa em assassino dos pais de Bruce Wayne (Batman) e transforma o mordomo Alfred num dedo-duro da identidade do patrão.
Sobre o Coringa de Nicholson, muitos ainda acham que, apesar de toda a liberdade criativa tomada por Burton e o roteirista, Sam Hamm, que modificaram substancialmente alguns dos aspectos dos quadrinhos, o vilão do primeiro Batman é a melhor encarnação do Príncipe Palhaço do crime em todos os tempos. Especialista em viver papéis ensandecidos, o ator norte-americano conseguiu dosar na medida certa traços psicóticos do arqui-inimigo do homem-morcego com o humor típico do personagem das HQs.
Concordo plenamente com isso. Seu Coringa é cínico, violento e inescrupuloso, mas é também um sujeito carismático que sabe apreciar as artes e executar uns passinhos de hip hop anos 80 enquanto vandaliza as obras de uma galeria com boina e aquarela de pintor. O ator australiano Heath Ledger, morto em 2008, empolga mais nos dias de hoje. Mas vale a pena fazer o balanço entre o Coringa dos gibis e sua transposição para a telona. Na comparação numérica, o Batman de 1989 sai perdendo na disputa com o mais recente filme do personagem. Com US$ 1 bilhão arrecadado nas bilheterias mundiais, O Cavaleiro das Trevas é o quarto filme mais visto em toda a história do cinema. Mas os US$ 413 milhões feitos pelo filme de Burton o colocam na 98ª posição do ranking, à frente de todas as demais continuações da franquia.
Se Batman não tivesse rompido a resistência inicial dos fãs e dos desconfiados produtores de Hollywood, abrindo o cofre, provavelmente nenhuma de suas futuras sequências teria saído do papel. Foi graças a esse filme de duas décadas que as histórias em quadrinhos conquistaram definitivamente o cinemas e que desenhos como Batman: a série animada (1992) passaram a ser vistos por muitos marmanjos.
Comentários