Mito Setentão
Ao completar sete décadas de existência, Batman se consagra como megassucesso de vendas
Sílvio Ribas
Festa do septuagenário aqui no Brasil ainda não decolouBatman chega este mês aos 70 anos com fatos e números dignos de respeito e estudo. O famoso personagem das histórias em quadrinhos, propriedade do grupo norte-americano Warner, se consolidou como a mais bem-sucedida e duradoura obra coletiva da indústria cultural, marcada por dezenas de colaboradores e por coleção de sucessos em todas as mídias, particularmente na televisão e no cinema. Se depender dos produtores do homem-morcego e dos aficionados do personagem espalhados pelo mundo, essa trajetória ainda vai longe. "Este é o ano do morcego! Celebrar sete décadas não é pra qualquer um. Temos boas surpresas reservadas para os fãs do herói", promete Levi Trindade, editor de revista de Batman no Brasil (publicada pela Panini) em recente comunicado.
Apesar desse entusiasmo todo, a festa do septuagenário — que chegou às bancas e ao mundo pela revista Detective comics em maio de 1939 — ainda não decolou. "A meu ver, aqui no Brasil tudo está passando meio despercebido, já que as empresas não se interessam tanto em promover eventos ou exposições como no exterior", observa Renato Araújo, presidente do Batbase, maior fã-clube brasileiro dedicado ao personagem.
Especialistas acreditam que talvez a combinação da crise financeira mundial, que tem os Estados Unidos como epicentro, com a hiperexposição de Batman em 2008, ano em que o filme Cavaleiro das trevas bombou nas telas e arrecadou mais de U$ 1 bilhão apenas nos cinemas americanos, tenha impedido grandes lançamentos e relançamentos especiais de gibis. Trata-se de breve pausa para novos voos, garantem os batmaníacos. Para piorar, o vingador mascarado está "morto" nas páginas de sua revista mensal nos EUA. A série Descanse em paz (RIP), prevista para chegar ao país em junho, abriu caminho para uma guerra entre candidatos a envergar a capa e o posto dele.
CARISMA
Também chamado de Cruzado Embuçado, o super-herói fantasiado tem seu carisma explicado pelo fato de não ser exatamente um "super-herói". O vigilante de Gotham não possui superpoderes, não é imortal e mantém uma fachada social como playboy multimilionário. Sua personalidade introspectiva desperta curiosidade, sobretudo pelas motivações que o levaram a ser uma criatura sombria a serviço da Justiça. Para o rabino norte-americano Cary Friedman, autor de A sabedoria da Bat-Caverna, a força de vontade e a determinação do herói em transformar o sentimento de vingança em algo positivo podem até servir de exemplo para agentes da lei.
Mas não foi só o combate ao crime que preencheu os 70 anos de Batman. Dúvidas existenciais, desafios naturais e surreais o testaram como a nenhum homem. Relacionamentos afetivos com belas mulheres e uma tensa relação com inimigos e amigos também pesaram.
Enquanto os céus de grandes metrópoles e mesmo os da fictícia terra natal de Batman, Gotham City, não exibem bat-sinal de festejos, colecionadores e imprensa especializada contabilizam os feitos do cavaleiro das trevas. Um rápido balanço mostra que seu desempenho é invejável. O mais premiado desenho animado, a mais influente série de tevê, 20 anos de blockbusters no cinema, gibis antológicos, uma avalanche de produtos licenciados e várias adaptações oficiais e paródias na mídia.
O personagem consolidou ao longo desse período duas dimensões: como mito contemporâneo e como ícone cultural. O criador, Bob Kane, adolescente na época, misturou ideias de personagens distintos para criar Batman. Sem creditar devidamente o coautor, o roteirista também jovem Bill Finger, nunca poderia imaginar que sua criatura ganharia rumo próprio, agregando elementos de geniais artistas. Hoje, Batman pode ser colocado no grupo de arquétipos reconhecidos universalmente, como Papai Noel, Robin Hood e Drácula. (Colaborou Pedro Brandt)
Fonte: Correio Braziliense
Sílvio Ribas
Festa do septuagenário aqui no Brasil ainda não decolouBatman chega este mês aos 70 anos com fatos e números dignos de respeito e estudo. O famoso personagem das histórias em quadrinhos, propriedade do grupo norte-americano Warner, se consolidou como a mais bem-sucedida e duradoura obra coletiva da indústria cultural, marcada por dezenas de colaboradores e por coleção de sucessos em todas as mídias, particularmente na televisão e no cinema. Se depender dos produtores do homem-morcego e dos aficionados do personagem espalhados pelo mundo, essa trajetória ainda vai longe. "Este é o ano do morcego! Celebrar sete décadas não é pra qualquer um. Temos boas surpresas reservadas para os fãs do herói", promete Levi Trindade, editor de revista de Batman no Brasil (publicada pela Panini) em recente comunicado.
Apesar desse entusiasmo todo, a festa do septuagenário — que chegou às bancas e ao mundo pela revista Detective comics em maio de 1939 — ainda não decolou. "A meu ver, aqui no Brasil tudo está passando meio despercebido, já que as empresas não se interessam tanto em promover eventos ou exposições como no exterior", observa Renato Araújo, presidente do Batbase, maior fã-clube brasileiro dedicado ao personagem.
Especialistas acreditam que talvez a combinação da crise financeira mundial, que tem os Estados Unidos como epicentro, com a hiperexposição de Batman em 2008, ano em que o filme Cavaleiro das trevas bombou nas telas e arrecadou mais de U$ 1 bilhão apenas nos cinemas americanos, tenha impedido grandes lançamentos e relançamentos especiais de gibis. Trata-se de breve pausa para novos voos, garantem os batmaníacos. Para piorar, o vingador mascarado está "morto" nas páginas de sua revista mensal nos EUA. A série Descanse em paz (RIP), prevista para chegar ao país em junho, abriu caminho para uma guerra entre candidatos a envergar a capa e o posto dele.
CARISMA
Também chamado de Cruzado Embuçado, o super-herói fantasiado tem seu carisma explicado pelo fato de não ser exatamente um "super-herói". O vigilante de Gotham não possui superpoderes, não é imortal e mantém uma fachada social como playboy multimilionário. Sua personalidade introspectiva desperta curiosidade, sobretudo pelas motivações que o levaram a ser uma criatura sombria a serviço da Justiça. Para o rabino norte-americano Cary Friedman, autor de A sabedoria da Bat-Caverna, a força de vontade e a determinação do herói em transformar o sentimento de vingança em algo positivo podem até servir de exemplo para agentes da lei.
Mas não foi só o combate ao crime que preencheu os 70 anos de Batman. Dúvidas existenciais, desafios naturais e surreais o testaram como a nenhum homem. Relacionamentos afetivos com belas mulheres e uma tensa relação com inimigos e amigos também pesaram.
Enquanto os céus de grandes metrópoles e mesmo os da fictícia terra natal de Batman, Gotham City, não exibem bat-sinal de festejos, colecionadores e imprensa especializada contabilizam os feitos do cavaleiro das trevas. Um rápido balanço mostra que seu desempenho é invejável. O mais premiado desenho animado, a mais influente série de tevê, 20 anos de blockbusters no cinema, gibis antológicos, uma avalanche de produtos licenciados e várias adaptações oficiais e paródias na mídia.
O personagem consolidou ao longo desse período duas dimensões: como mito contemporâneo e como ícone cultural. O criador, Bob Kane, adolescente na época, misturou ideias de personagens distintos para criar Batman. Sem creditar devidamente o coautor, o roteirista também jovem Bill Finger, nunca poderia imaginar que sua criatura ganharia rumo próprio, agregando elementos de geniais artistas. Hoje, Batman pode ser colocado no grupo de arquétipos reconhecidos universalmente, como Papai Noel, Robin Hood e Drácula. (Colaborou Pedro Brandt)
Fonte: Correio Braziliense
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